Relato de um aluno estagiário
Dedo de Deus, Agulhas Negras, Garrafão, Pico Maior de Friburgo, Agulha do Diabo...não imaginava que, ao ingressar na UNICERJ como sócio, em março de 2002, fosse fazer excursões para essas montanhas. Sempre fui fascinado pela natureza e a vontade de caminhar e escalar só aumentava, até me associar a UNICERJ. Já tinha ouvido falar desta entidade desde 98, ano de sua fundação, através do meu amigo de faculdade Gustavo Konte. E entrei efetivamente nela em 2002, graças a outro amigo de faculdade, Fabio Fonseca.
Fiz a minha primeira excursão no Campo Escola do Grajaú (07/04/2002) e soube que já havia perdido duas excursões do Curso Básico (Caixa de Fósforos e Serrilha do Papagaio). A próxima excursão era nada mais nada menos que a Travessia Petrópolis-Teresópolis. Como tinha todo o material necessário (mochilão, barraca, saco de dormir, etc), resolvi encarar. Foi uma experiência maravilhosa e que, com certeza, me marcou. Foi o pontapé inicial para fazer do Montanhismo uma filosofia de vida.
Daí em diante, foram excursões atrás de excursões e fui ficando cada vez mais maravilhado com o Montanhismo e como ele pode nos trazer experiências fantásticas. Não somente lugares de deixar o queixo caído, mas, principalmente, a companhia de pessoas grandiosas.
Fiz também excursões que não eram do Curso Básico. Estava na Cha. Stop quando aconteceu aquele incidente lamentável da quebra de grampos enquanto subíamos, mesmo avisando que desceríamos pela via. Depois, a inesquecível primeira vez no Dedo de Deus (29/06/2002), guiado pelo Santa Cruz e Buarque.
Assim, me formei pelo Curso Básico e segui fazendo diversas excursões pelo clube. Foi quando, no final de setembro, foi aberta a Escola de Guias 2003 (ETGE/2003). Mesmo sabendo da brabeira que me esperava pela frente, me inscrevi no Curso. Já estava tão involto do espírito do Montanhismo Amador Solidário Ecológio e Não-Competitivo que não poderia deixar de viver essa experiência.
O início da ETGE/2003 se deu em uma excursão pra Salinas (12/10/2003) em que escalaríamos o Capacete no primeiro dia e treinaríamos na Caixa de Fósforos no segundo. A excursão foi simplesmente inesquecível! Tempo limpo, dois cumes e a companhia de pessoas maravilhosas. Cada segundo lá valeria uma soma de dinheiro que nenhum homem sobre a face da Terra poderia comprar. E isso aconteceria em diversas outras excursões...
Assim, continuei a participar das excursões da ETGE, tais como a Fissura Mariana e seus marimbondos terríveis, de novo a magnífica Cha. Stop, os difíceis lances do Paredão Mário Arnaud, o grande Escalavrado, o sempre inesquecível Dedo de Deus, o frisson da Travessia dos Olhos, o estonteante Planalto do Itatiaia, uma outra Travessia maravilhosa (compartilhada pelo CBM), a belíssima Verruga do Frade, o imponente Garrafão, o grandioso Pico Maior de Friburgo, com suas paredes intermináveis, a dificílima Cha. UNICERJ, onde não conseguimos chegar ao cume por causa da tempestade, mas valeu pelo "trato" que demos na trilha e pela oportunidade que nos deu de conhecermos a bela Serra do Caramba e por último, uma conquista, o Par. Henfil, que guardarei para sempre na minha memória.
Mas, apesar de ter feito excursões a todas essas montanhas, ficou faltando uma: a impressionante Agulha do Diabo. Marcamos uma excursão para lá, mas na ocasião, choveu. Foi então que o Leo entrou em ação e marcou, no início de outubro, uma excursão pra lá. Foi maravilhoso! A vista que temos da Agulha, no começo do "mergulho" é indescritível. Tem que estar lá para acreditar que existe uma obra da natureza que beira a perfeição.
Tudo isso somado, montanhas fantásticas e pessoas maravilhosas, proporcionou a nós, alunos da ETGE 2003, uma razoável experiência que nos possibilitou a começarmos a guiar nossas excursões, claro, sob a supervisão de Guias experientes que ainda têm muito a nos ensinar. E graças a eles, a esses Guias que temos muito (muito mesmo!) a agradecer, pude guiar minha primeira excursão pelo estágio, de novo a Agulha do Diabo. Em menos de um mês, duas Agulhas! Foi impossível, ao atingir o cume, não ficar emocionado. Realmente, mais uma excursão memorável, que para sempre estará gravada na minha memória.
Se Deus quiser, virão outras, é verdade. E também virão outros ensinamentos de nossos mestres. Um toque aqui, uma observação ali. Tudo em prol de um montanhismo responsável e seguro. Mas desde já, fica o sincero agradecimento por tudo que vocês, Guias da UNICERJ fizeram por mim e, tenho certeza que posso falar por eles, pelos meus amigos e companheiros alunos da ETGE 2003.
Cela
