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Sábado, 4 de maio de 2024

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Boletim n°14 - Mai. 2010
Curso Básico de Montanhismo‹‹ anterior 
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Festa dos Bolhas D'Água

Dia 02 de agosto de 2009 realizamos no Sítio São Judas Tadeu, em Itaboraí, RJ, a formatura do Curso Básico de Montanhismo CBM/2009.

Nesse dia reunimos 55 amigos e convidados e mais uma vez, com muita alegria, celebramos a nossa união. Como não podia faltar, tivemos muitos discursos emocionados dos formandos, bem como de todos os presentes que quiseram se manifestar. Isso, depois do futebol, da piscina e do delicioso churrasco preparado com a ajuda de todos nós sob a batuta do Natan, do Fabio e do Well.

A solenidade de formatura foi uma das mais bonitas que já participei. Uma festa como essa não é só um acontecimento gastronômico ou uma simples confraternização que se encerra na entrega de diplomas. Não é como “carimbar um passaporte” e receber um simples cumprimento. Muito pelo contrário, requer tempo de maturação, de espera, para que se possa ouvir, falar e comungar da própria celebração em si.

Leo e Bonolo propuseram que eu coordenasse os trabalhos da solenidade de formatura, que aceitei com muita alegria.

Montamos então a mesa com os Sócios Fundadores presentes num primeiro plano e os formandos do CBM em destaque mais atrás, próximos à piscina, num plano mais elevado. A meu ver, tal procedimento se justificava plenamente, pois a festa era justamente para os formandos do CBM, os novos Bolhas D’água da Unicerj.

Eram 16 horas e estava uma tarde muito azul de inverno quando pedi ao Gustavo Benevides para acionar o aparelho de som dando início à solenidade, com o Hino Nacional.

Como costuma acontecer nessas ocasiões, tivemos oportunidade de refletir sobre o que foi conquistado individual e coletivamente, à medida em que cada um exprimia em palavras seus pensamentos e emoções.

Falei umas breves palavras e passei ao Leo para fazer o primeiro discurso, como Presidente do Clube.

Leo começou dizendo que “Para alguns, incrédulos e descrentes, nosso Clube tinha tudo para dar errado, mas graças a um grupo de abnegados a chama tem sido mantida com muito entusiasmo. E hoje estamos formando mais um Curso Básico de Montanhismo. A cada um dos formandos hoje aqui presentes nessa festa, espero que tenham vindo para ficar na Unicerj. Vocês já devem ter percebido que a técnica é importante no montanhismo, contudo mais importante são as pessoas, é o brilho nos olhos que mantém a gente. Quando a Unicerj ofereceu o primeiro CBM, em 1998, nós nem ao menos tínhamos uma sede. As aulas teóricas eram dadas numa escola lá na Gávea e hoje estamos no caminho de concretizar o sonho de uma sede própria, quando ficaremos livres de ter que pagar todos os meses o aluguel da nossa atual sede do Largo do Machado. O montanhismo amador permite que a gente sonhe com um mundo melhor. Esperamos que vocês levem com carinho o que lhes foi dado com muito amor.”

Lucia agradeceu a presença de todos, em especial à Mariangela por nos receber pela segunda vez nesse ano em sua casa, para mais uma belíssima festa da Unicerj. Lucia reafirmou as palavras do Leo contando algumas histórias do tempo anterior à fundação da Unicerj e lembrou aos formandos do CBM para que não façam em hipótese alguma excursões sem a presença de um Guia. “Parabéns a todos nós.”

Marcos contou que hoje, mais uma vez, pensavam que ele fosse um sócio novo do Clube, quando é Sócio Fundador, Guia e atual Vice-Presidente da Unicerj. “Isso mostra que eu preciso participar mais das reuniões sociais e excursões. Aqui na Unicerj nós buscamos o que é certo, o correto, o melhor que acreditamos, a convivência sincera e a amizade. Isso nem sempre tem sido fácil pois há os que pensam muito diferente e preferem outras formas de praticar montanhismo. Tudo bem, há espaço para todos. Respeitamos as idéias alheias mas também queremos ser respeitados. Vocês já devem ter percebido que tudo que a gente faz em nosso clube é porque acreditamos de verdade. Se vocês também pensam assim, fiquem na Unicerj e participem da concretização desse sonho.”

Filipe parabenizou os formandos do CBM e desejou a todos grandes excursões e que sejam felizes no montanhismo.

Aleksandra também fez um breve discurso: “Eu não sou Guia como o Leo, Lucia, Marcos, Filipe e Santa Cruz que falaram antes. Não sou Guia, mas sou Fundadora. Quero que vocês participem do amor que existe entre nós na Unicerj” e foi dar um beijo no Tarcisio.

Bonolo contou como conheceu a Unicerj e como tornou-se sócio: “No início eu achei muito estranho um clube não cobrar para se fazer um Curso Básico, uma Escola de Guias. Aí eu me perguntava: ‘O que esses sujeitos querem de mim?’ Pois é, hoje estou totalmente envolvido com o Clube e muito me orgulho de poder devolver um pouco do muito que recebi na Unicerj. Aqui nós praticamos montanhismo, mas também cidadania e buscamos a comunhão de seres humanos com a natureza. Como disse o Santa Cruz na abertura dessa solenidade: ‘Na Unicerj, toda excursão, não importa que seja ao Museu Nacional ou à Travessia Petrópolis-Teresópolis ou ainda aos Andes, tem que ser conduzida por um Guia’. O Objetivo do CBM é formar bons montanhistas. Aqueles que quiserem se tornar Guias deverão fazer a Escola de Guias, que também constitui na Unicerj direito dos sócios, mas é muito mais exigente em todos os aspectos. Portanto, não tentem fazer excursões particulares que nós iremos coibir. Não pensem que vocês estão aptos para guiar excursões. O CBM não dá essa prerrogativa nem esse conhecimento. Queremos que vocês continuem fazendo excursões conosco e não, uma vez formados, ser um ‘Vai tartaruguinha...’ Como Diretor Técnico do Clube quero agradecer a decisiva participação do Corpo de Guias que esteve presente nas aulas e excursões para que pudéssemos mais uma vez realizar um CBM, mantendo essa tradição que vem desde a fundação do nosso clube, acolhendo todos os seres humanos que acreditam nos valores do MASENC.”

Natan dirigindo-se aos formandos “Eu também já passei por isso que vocês estão passando. É um momento importante. Depois eu fui fazer a Escola de Guias e vi o quanto ainda tinha para aprender e ainda tenho. Espero ver um dia alguns de vocês como Guias da Unicerj. É um longo caminho como eu já comecei a descobrir. Leva tempo para a gente se envolver de verdade com o Clube. No primeiro ano é de um jeito, no segundo ano o envolvimento aumenta e começamos a sentir a falta do ambiente da sede, da camaradagem dos amigos, do prazer que é difícil de explicar aos outros, esse prazer de estar todos os fins de semana nas caminhadas e escaladas. Depois de quatro ou cinco anos a gente passa a conhecer um pouco da verdadeira essência do Clube de que os veteranos tanto falam, como um segredo, um tesouro a ser compartilhado”... Natan foi ficando emocionado e emocionou também a todos nós.

Quando Natan terminou achei por bem iniciarmos a diplomação dos formandos, pois o momento se mostrava bastante propício. Afinal suas palavras foram consideradas por todos como verdadeiramente inspiradas.

A partir desse momento passei a palavra para os formandos. E chamei então o Alberto de Lima e ele contou que entrou para a Unicerj em dezembro de 2008: “Na época eu era aluno do Santa Cruz, lá na UFRJ. Ele já estava tendo que usar muletas, mas mesmo assim falava com muito entusiasmo do montanhismo e da Unicerj. Fiz uma excursão ecológica com o Clube na Serra dos Órgãos. Gostei muito e me associei. O CBM me ensinou muito, principalmente a experiência de compartilhar e de que podemos todo o tempo cooperar uns com os outros. Sou um tanto emotivo, por isso vou parar por aqui.”

Barbara Franz: “Agradeço a oportunidade que a Unicerj me tem dado de estar em contato com a natureza. É a minha paixão. Fiquei muito feliz por ter encontrado outras pessoas que querem fazer algo pela natureza”.

Carlos da Guia: “Quando fui à Pedra da Gávea com a Unicerj realizei um sonho. Aí pensei quero ir mais à frente. Obrigado por tudo.”

Clayton Silva: “Cheguei ao clube em 2008 a convite do Rodrigo. A nossa convivência é ainda pequena, mas já é muito intensa. Aprendi muito na Unicerj e espero que seja eterno nosso convívio.”

Fred Medeiros deu um depoimento muito bonito e minucioso da excursão ao Pico da Bandeira no Parque Nacional do Caparaó. Quando José Vidal passou mal e ele pode constatar a importância da presença dos Guias da excursão Fabio e Bonolo. “Fico impressionado como é forte a ligação entre todas as pessoas na Unicerj”.

Marco Dias (Markão): “Vou contar uma coisa para vocês. Quando completei 50 anos eu fiz um pacto com a vida. Daqui pra a frente eu quero é ser feliz e se possível ajudar a fazer as pessoas felizes também. Sou solidário, criativo e tenho iniciativa. Considero-me um vencedor. Tenho uma filha advogada e uma mulher maravilhosa que eu não acharia outra nem de vela na mão. Escalo há três anos e espero continuar por muito tempo. Gosto de todos vocês. Comigo é na sinceridade: se tiver que brigar, eu brigo; se tiver que beijar na boca, eu beijo. Parabéns a todos nós. Agradeço aos Fundadores pelas idéias do Clube que são muito corajosas. Agradeço também aos Guias pelo excelente Curso Básico, em especial ao Bonolo, esse cara dinâmico que esteve todo o tempo ao nosso lado. Ele está de parabéns. Sou aquariano* e isso explica muito o meu temperamento”.

(*Segundo Thiago de Mello, na poesia Horóscopo aos que Estão Vivos: “Aos nascidos sob a ternura de Aquário está destinado um grande serviço à causa da alegria geral”)

Nesse momento Osiris pediu a palavra: “Eu queria falar um pouco sobre como é dar um CBM. Não é fácil não. Tem sempre quem reclama, mas vale a pena. A gente se lembra quando estava começando. Também foi difícil. Minha emoção é muito grande quando a gente consegue levar pela primeira vez uma pessoa ao Mirante do Inferno...”

Maria da Consolação (Karuna): “Fui eu essa pessoa. Osiris é o meu guru da montanha. Eu achava que nunca iria conseguir chegar ao cume do Mirante do Inferno, Natan deu a maior força também e eu só sei que foi maravilhoso. No que puder colaborar com o Clube, podem contar comigo.”

Pedro de Brito: “Entrei no CBM preocupado com a técnica e fui descobrindo que o que está além da técnica é mais importante. A grande conquista para mim foi conhecer os valores que a Unicerj defende e pratica, sempre com muita amizade e respeito.”

Em seguida Mariangela agradeceu a presença de todos em sua casa: “Quero que saibam o quanto a Unicerj é importante em minha vida. Na nossa convivência a gente só tem a aprender cada vez mais”.

A essa altura, já havia escurecido completamente e a lua brilhava no céu. Eu pretendia passar a palavra ao Tarcisio que tradicionalmente é quem faz o encerramento das solenidades, desde quando foi o Presidente. Acontece que Marcelo Oliveira disse que desejava dizer algumas palavras e imediatamente passamos a ouvi-lo: “É difícil separar a Unicerj das pessoas que tanto têm dado de si ao Clube. Eu já sou sócio há um bom tempo e estou demorando para me dedicar como gostaria. Mas sinto que estou no caminho de conseguir isso e tenho certeza de que um dia vou poder me doar à Unicerj como ela merece”.

Foi então que Rosany Bochner, esposa do Osiris, fez um depoimento muito bonito, verdadeiro e até mesmo surpreendente: “Preciso falar uma coisa. Até hoje eu tinha um ciúme danado da Unicerj. Eu não conseguia entender o amor do Osiris pela Unicerj. E ele ainda aparecia com as calças rasgadas das excursões. Com o tempo eu fui compreendendo. Hoje eu quero reconhecer publicamente: eu estava errada. Eu não precisava ter ciúme da Unicerj. Isso aqui é uma verdadeira família. Nós somos uma família. E prometo que vou comprar mais calças novas para que ele possa fazer quantas excursões quiser”.

Como não havia ninguém mais querendo falar e a solenidade já estava com três horas de duração, passei então a palavra ao Tarcisio que fez o encerramento: “Quero falar da espontaneidade. Ninguém explica o que é o amor. Estamos aqui espontaneamente e este é um momento único em nossas vidas. A gente tem que ter firmeza para defender os valores que acreditamos. Eventualmente em um dado momento podemos tomar um caminho errado, uma trilha errada, mas com nossa união, todos juntos iremos encontrar o melhor para a Unicerj. Aqui somos todos irmãos. Não há disputas de poder entre nós e nenhum sentimento de competição.”

Viva a Unicerj!

Santa Cruz


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