Excursão Gastronômica
No dia 9 de outubro fomos à casa de meu irmão Luiz Omar em Bom Jesus dos Perdões, a cerca de 60 km de São Paulo. Éramos 10 participantes: eu, Rosany, David, François, Natan, Simone, Buarque, Gabriela, Willy, Markão e Tereza.
No meio do caminho paramos para visitar a Catedral do Brasil em Aparecida do Norte. Alguns aproveitaram para colocar suas obrigações religiosas em dia e outros somente mataram a curiosidade.
Há algum tempo que o Omar vinha esperando pela visita dos amigos que fez na Unicerj e demonstrava uma grande ansiedade. Finalmente nesse fim de semana conseguimos nos organizar para visitá-lo.
Fomos recebidos por ele, sua mulher Emir e nossa mãe Jozira, ou Dona Jô, como todos a chamam. Estavam presentes também o Ricardo e sua mulher Maria, vizinhos e velhos amigos. Na recepção um bom café feito no fogão à lenha com pão caseiro preparado pela Emir.
Maria e Emir ainda davam os retoques finais na feijoada languidamente preparada no estilo da roça.
Um grupo foi à cidade fazer compras de última hora e os ingredientes para o prato do dia seguinte - rabada - bem como para a sobremesa - arroz doce - e mais algumas coisinhas para beliscar nos intervalos.
Após almoçarmos a deliciosa feijoada precisávamos fazer algum exercício e fomos soltar pipa num morro próximo. Estava ventando bem e colocamos no ar diversas pipas levadas pelo Buarque. Com toda sua criatividade, ele e o François amarraram uma máquina fotográfica na linha da pipa, que foi subindo nos filmando.
À noite o Buarque montou seu cinema ambulante e assistimos “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin, beliscando um churrasquinho preparado pela dupla Omar e Markão.
No dia seguinte, após uma noite musical com uma sinfonia de roncos, fomos tomar café ao pé do fogão, com pão caseiro e cuzcuz paulista (uma iguaria caipira, feita com farinha de milho, palmito, ervilha e camarão) e torta de chocolate.
Saímos logo depois acompanhados do Omar e de minha mãe para um passeio em Piracaia, cidade vizinha, em busca de uma caminhada leve mas não encontramos a trilha e resolvemos voltar para Perdões para visitarmos o seu grande ponto turístico - a Pedra Grande, uma formação rochosa, bastante parecida com a nossa Pedra Bonita, com a diferença que se chega ao cume de carro. A Pedra Grande é uma rampa natural para a prática do voo de parapente e asa delta. Nesse dia o vento não estava favorável para o voo, mas estava excelente para soltar pipa e assim o fizemos. Na maior alegria ficamos horas brincando com as pipas: uma baleia, uma lula e uma no formato das pernas de um jogador de futebol, incluindo o calção. De farnel ainda tinha bolo de chocolate.
Quando bateu a fome voltamos para a casa do Omar e nos fartamos de rabada preparada pela Maria e a Emir.
Infelizmente precisei voltar pois, apesar do feriado na terça-feira, tinha que trabalhar na segunda-feira assim como a Rosany, o David, o François e a Simone. O resto do pessoal voltou no dia seguinte e ainda passaram na casa do pai do Natan - o Seu Pedro - em Volta Redonda, onde lancharam um pé de moleque com rapadura preparado pelo próprio enquanto conversava com as visitas.
E lá em Perdões, ainda apareceram Tarcisio e Mikhail, que mesmo não encontrando o restante do grupo que havia acabado de partir para o Rio, encontraram os amigos paulistas junto com o restante da deliciosa feijoada que puderam saborear muito bem acompanhados.
O mais engraçado foi no fim de semana seguinte o Buarque me convidar para almoçar em sua casa e adivinha o que tinha para o almoço? A feijoada, que havia trazido de Perdões e congelado!
Ao levantar os custos da feijoada com minha mãe para ratearmos as despesas, ela me disse que não precisava ser ressarcida pois considerou-nos como convidados e depois me enviou uma mensagem que transcrevo abaixo:
“Saber viver a vida
Só agora, com quase oitenta anos, aprendi com os da Unicerj o que é realmente viver. Hoje acordei com a sensação de ser um pobre e triste pássaro confinado aos limites de uma pequena gaiola. E vocês, andarilhos-escaladores amantes da mãe natureza, como um bando de alegres pássaros que, numa grande algazarra, vão ganhando alturas em busca de novos horizontes. Eu os considero verdadeiros desbravadores, em busca do desconhecido. E o nosso planeta os tem aos montes. É só procurar... Lá no topo da Pedra Grande, senti uma incrível sensação de desligamento de toda a miséria e desigualdade aqui de baixo. Agora posso avaliar o que representa para vocês o estar nas alturas! Parabéns a todos os andarilhos-escaladores, por saberem aproveitar essa oportunidade que a vida lhes oferece! Muito obrigada pela grande lição!"
Jozira Gopfert
Osiris
|