Estágio Supervisionado da ETGE/2009
Nos Boletins nº 13, de dezembro de 2008, e nº 14, de maio de 2010, falei um pouco sobre as atividades realizadas pelas duas primeiras fases da Escola Técnica de Guias Excursionistas, ETGE/2009, que ocorreram entre outubro de 2008 e setembro de 2009. Durante todo aquele ano, tivemos dezenas de excursões e aulas teóricas que permitiram aos futuros Guias se prepararem para o Estágio Supervisionado que estava por vir.
Nas festividades do 12º aniversário da Unicerj, nos dias 17 e 18 de abril de 2010, quando ocorreu a formatura, os novos Guias Anete Maria Gama, Antonio Boulanger Uchoa Ribeiro, Carlos Henrique Silva de Lima, Clair de Carvalho Pessanha, Jeferson Borghetti Soares e Roberto Maisenhelder certamente lembravam com carinho e até um pouco de alívio as atividades conduzidas por eles, na condição de Guias Estagiários, sempre com a presença de pelo menos um Guia Supervisor, durante os seis meses do Estágio.
Como Diretor Técnico, fui o responsável por consolidar as avaliações que os Guias Supervisores fizeram de cada um dos Guias Estagiários em todas as atividades. Alguns dos requisitos exigidos não têm grandes dificuldades técnicas e, na avaliação, consideramos apenas as opções “cumprido” ou “não cumprido”. É o caso, por exemplo, da exposição de um tema em forma de palestra para todos os sócios, da realização de uma confraternização com renda revertida para a Campanha da Sede Própria, bem como da organização e condução de um DNS (Dia Na Sede) para organização ou limpeza da nossa Sede.
Já nas excursões, a avaliação é feita minuciosamente e individualmente por todos os Guias da Unicerj presentes na atividade, mesmo que um ou outro não tenha sido escalado a priori como Supervisor. E as avaliações, do mesmo modo que tudo na Unicerj, não têm o objetivo de competição, verificar quem está melhor do que os outros, essas coisas. Pelo contrário, estimulamos a cooperação, o compartilhamento e a solidariedade entre os alunos.
Um ótimo exemplo disso foi a conclusão da ETGE/2009 pelo Clair. Nosso valoroso amigo, que hoje além de Guia é membro do Conselho de Administração da Unicerj, iniciou a ETGE/2005, na qual se formaram François, Osiris, Favre e Thiago. Do mesmo modo que Marcia Lins, Guilherme Mocellin e Sergio D’Oliveira, em certo momento Clair não teve condições de continuar e desistiu.
Na turma seguinte, a ETGE/2007, Clair pensou em se inscrever e muitos de nós insistimos para isso. Porém, ele já sabia que teria dificuldades em se dedicar adequadamente por questões de tempo e não colocou o nome na prancheta. Naquela turma, se formaram Gabriela, Marina, Kaercher, Natan, Rafael e Terra. Mas também houve as desistências do Carlos Henrique (que inclusive escreveu uma linda carta que foi publicada no Boletim nº 12, de dezembro de 2007) e do Well Omura.
Agora, na ETGE/2009, lá estavam Carlos Henrique e Clair novamente. Concluíram a Primeira Fase sem problemas. Na Segunda Fase, ambos se programaram adequadamente e adiantaram na medida do possível o cumprimento dos requisitos mínimos, pois queriam ter uma folguinha pra qualquer eventualidade. Em gerenciamento de projetos, isso pode ser chamado “pulmão do cronograma”. Clair se deu ao luxo de fazer uma bela viagem com Buarque e Gabi para o Peru, na qual Roberto, que não estava tão adiantado assim, mas nem tão atrasado, também foi.
De volta, Roberto teve que fazer todas as atividades que viriam e assim conseguiu concluir a Segunda Fase. Porém, para o Clair, as coisas não foram tão simples. Uma forte dor na perna o fez visitar o hospital e foi diagnosticada uma trombose, em nível que poderia tê-lo matado. Segundo os médicos, talvez uma massagem vigorosa no local, para se livrar da dor, tivesse desprendido o trombo, que cairia na corrente sanguínea e aí...
Certa vez, quando ainda era criança, estava fazendo um trabalho de pesquisa para a escola. Naquela época a gente procurava reportagens em jornais e revistas, recortava e colava em uma cartolina para apresentar aos colegas e à professora. Ao mesmo tempo brincava com meu primo, que lá pelas tantas atingiu meu olho com uma tesoura, sem ponta, mas machucou. Fui até o banheiro e olhei no espelho, vendo uma pequena ferida vermelha. Fiquei tonto na hora e por isso deitei. Meu avô me levou ao médico e este afirmou que, se eu tivesse ficado olhando para baixo, poderia escorrer o líquido interno e eu provavelmente perderia parcialmente a visão.
Essas coisas servem para nos lembrar o quanto somos frágeis e, muitas vezes, o pior não acontece por pura sorte. Para evitar sobrecarregar os nossos anjos da guarda (ou o que o valha, de acordo com cada crença), é importante que nos cerquemos de cuidados. É por isso que na Unicerj somos tão rigorosos na questão da segurança acima de tudo.
Voltando ao Clair. Ele ficou internado vários dias, sendo três na UTI. Felizmente recuperou-se, mas não teria condições de concluir os poucos requisitos que faltavam no prazo estipulado, ou seja, setembro de 2009. Segundo as previsões dos médicos, ele poderia voltar a excursionar no meio de dezembro.
Foi então que eu tomei a decisão, após consultar meus companheiros de Diretoria e Conselho de Administração, de permitir que ele fizesse as excursões que faltavam depois de sua recuperação. Porém, a formatura estava mantida para abril, portanto ele teria menos tempo para fazer as atividades do Estágio Supervisionado.
Quando informei a alteração aos demais alunos, todos ficaram bastante animados, pois também consideravam uma injustiça se ele uma vez mais não pudesse concluir a ETGE.
Sua recuperação foi um pouco mais rápida do que o previsto e no fim de novembro ele voltou devagar às caminhadas leves. Em seguida foi cumprindo os requisitos que faltavam para a Segunda Fase e, durante algumas semanas, aconteceu uma situação interessante: ainda não era Estagiário e foi participante de excursões dos seus colegas.
Assim que se tornou oficialmente Guia Estagiário da ETGE/2009, Clair contou com a ajuda de todos para recuperar o tempo perdido, principalmente de seus colegas. Luciana Kondo, por exemplo, que acabou nem se formando, fez questão de que o Clair fizesse suas duas primeiras excursões compartilhando com ela. Vale ressaltar que ela já tinha feito toda a organização das duas, inclusive a escolha e contato com os Supervisores, tendo acolhido seu companheiro de forma bastante abnegada.
Em diversas reuniões entre os alunos, auxiliaram-no a montar uma programação compacta cronologicamente, segundo os diversos critérios exigidos e ainda considerando um crescente de esforço físico e técnico, para não comprometer sua saúde. Carlos Henrique teve participação destacada nesse processo, pois sabe bem o que é ter que abandonar uma Escola de Guias.
Nas mais de uma centena de atividades realizadas nos seis meses do Estágio Supervisionado, entre outubro de 2009 e abril de 2010, os novos Guias da Unicerj puderam colocar à prova seus conhecimentos recém adquiridos e se aprimorar das experiências necessárias para conduzir com segurança as diversas excursões do Clube. E contaram, como sempre, com a avaliação firme e o apoio dos Guias mais antigos, que compartilharam esses momentos com muita alegria.
Bonolo
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